Nanda Moura
Reverência às Referências
Lançado em 20 de março/2024
Desde que eu cheguei ao Rio de Janeiro, eu tive a sorte de conviver com alguns dos maiores nomes do Blues nacional, que de forma muito generosa me acolheram, ensinaram e influenciaram a minha música e a minha maneira de encarar o Blues.
Hoje eu tenho o orgulho de chamá-los de amigos e, sem dúvida, eles são parte do som que eu faço, que eu carrego.
O álbum é uma homenagem a estes meus mestres, minhas principais referências no Blues, aqui no Brasil.
E “Reverência às Referências” é uma forma de agradecer a esses artistas incríveis pela sua generosidade em compartilhar seu conhecimento e sua música comigo.
Cada faixa do álbum traz um convidado, uma referência minha, e cada convidado traz uma música de um artista que seja, de alguma forma, também, uma referência para ele.
Apresento a vocês o meu 3º álbum "Reverência às Referências"
Produção - Lord Have Mercy Records
Captura de áudio, imagem, e edição de vídeo - Cormack Visuals
Faixas
Cypress Grove
Gravada pela primeira vez em 1931, Cypress Grove é uma composição de Skip James, cantor, compositor e guitarrista norte-americano de Blues.
Skip James tem um estilo fácil de ser reconhecido, muito autêntico. Suas canções trazem uma sonoridade muitas vezes incômoda. Há algo de sombrio e obscuro na sua música. Canções que despertam sentimentos estranhos, de mal-estar, de pesar, algo de pressentimento e pavor da morte.
Eu sempre tive uma atração por músicas que “soam pesadas”. E como uma estudiosa e curiosa sobre os vários estilos de diferentes artistas, me senti estranhamente atraída pela sonoridade única de Skip James, logo que o ouvi.
O grande prêmio foi saber que o Álamo Leal se sentia da mesma forma que eu, em relação a Skip James.
O Álamo é um grande estudioso do Blues, das variadas vertentes, mas principalmente, é um profundo conhecedor da linguagem do Blues Tradicional acústico do Delta do Mississippi. Ele é um Bluesman. Uma das minhas principais referências no estilo, aqui no Brasil. Tem uma trajetória incrível e uma vida dedicada à música que gosta e acredita.
Quando o convidei para gravar uma faixa no meu álbum, ele logo sugeriu Cypress Grove.
Cypress Grove faz parte da sua história, de quando começou a se aprofundar e tocar o Blues, no início da década de 1970.
Ambos, Álamo e eu, temos uma visão de respeito pela estrutura original da música, mas ao mesmo tempo, entendemos que temos que colocar a nossa própria forma de fazê-la.
O áudio e o vídeo foram capturados ao vivo, como deve ser um bom Blues.
Resonator e Voz – Nanda Moura
Resonator e Voz – Álamo Leal
Clique aqui para ouvir a versão original de Skip James.
2. I'm Going Upstairs
Gravada pela primeira vez em 1961, I’m Going Upstairs é uma composição de John Lee Hooker, cantor, compositor e guitarrista norte-americano de Blues.
Nascido no Mississippi, John Lee Hooker tem como forte característica um estilo de tocar mais livre, sem uma métrica muito definida nas estrofes, herança da influência dos músicos mais antigos do Delta Blues.
Hooker também traz na forma de cantar um estilo muito peculiar, muitas vezes mais falando do que cantando melodias rebuscadas. Ele é dono de uma sonoridade única e inconfundível.
Otávio Rocha é um grande guitarrista, precursor da guitarra slide no Brasil e um profundo conhecedor da linguagem do Blues nas suas mais variadas vertentes. É um dos membros fundadores dos “Blues Etílicos”, a maior banda de Blues brasileira, já com 35 anos de história. Um cara por quem tenho muita admiração e respeito, que nunca hesitou em compartilhar comigo seu enorme conhecimento.
Ambos, Otávio e eu, nutrimos uma paixão pelo estilo de John Lee Hooker, essa sonoridade da música de um acorde só, sem métrica definida, mais solta. Que como um mantra, nos mantém hipnotizados.
E quando o convidei para gravar uma faixa no meu álbum, ele logo sugeriu I’m Going Upstairs. Um boogie do Rei do Boogie, John Lee Hooker.
Na minha guitarra usei a afinação em Open Dm. Essa afinação aberta menor possibilita dar um ar mais “sombrio” à musica, e casou muito bem com a guitarra do Otávio, que foi afinada em Open D.
Procuramos captar a essência da música, mantendo diversas referências à versão original. Em reverência ao inigualável John Lee Hooker. Mas com uma interpretação nossa, particular.
O áudio e o vídeo foram capturados ao vivo, como deve ser um bom Blues.
Guitarra, Voz e Stomp Box – Nanda Moura
Guitarra Slide – Otávio Rocha
Clique aqui para ouvir a versão original de John Lee Hooker.
3. I Can't Quit You, Baby
Gravada pela primeira vez em 1956, pelo cantor e guitarrista Otis Rush, I Can’t Quit You Baby é uma composição de Willie Dixon cantor, compositor, baixista e produtor musical norte-americano.
Dixon nasceu no Mississippi e é um dos nomes mais conhecidos no Blues, autor de inúmeras composições famosas, algumas, inclusive, largamente conhecidas pela interpretação de grandes bandas de rock, como Led Zeppelin, Rolling Stones, The Doors, entre outros. Willie Dixon exerceu uma enorme influência no estilo Chicago Blues, sendo considerado um dos arquitetos do estilo.
Maurício Sahady é guitarrista e cantor, um dos principais nomes quando falamos de início do Blues no Brasil, um dos grandes precursores do estilo no nosso país.
Sahady, também conhecido pelo apelido de “Morris Slim”, é um expert na linguagem do Blues de Chicago. A guitarra Gibson 335 é sua marca registrada.
Morris me dá a honra de tê-lo como meu convidado nesse álbum, e trouxe como sugestão uma canção de uma de suas grandes referências no Blues.
Com um estilo e voz inconfundíveis, Sahady é uma das minhas referências no Blues, aqui no Brasil, e tenho certeza que é também para muitas outras pessoas.
O áudio e o vídeo foram capturados ao vivo, como deve ser um bom Blues.
Guitarra e Voz – Nanda Moura
Guitarra e Voz – Maurício Sahady
Clique aqui para ouvir a versão original de Willie Dixon.
4. Misty Mountain
Gravada pela primeira vez em 1996, Misty Mountain é uma composição de Greg Wilson e Otávio Rocha, ambos integrantes da Banda brasileira Blues Etílicos.
O convidado para essa faixa seria o Greg Wilson.
Greg nasceu no Mississippi e radicou-se no Rio de Janeiro, passando a integrar a Banda Blues Etílicos a partir do ano de 1985.
O Greg é uma das minhas maiores referências, e com sua infinita generosidade, foi um grande incentivador pra que eu mergulhasse mais profundamente no Blues.
Por diversas vezes, chegamos a marcar de gravar “Misty Mountain”, uma composição do próprio Greg junto com Otávio Rocha. Uma música icônica na voz do Greg. Foi a primeira música que cantei com ele, num palco. Então, além de ser uma linda canção, ela tem esse lado afetivo pra mim, e é uma música que me remete ao Greg do primeiro até o último verso.
Infelizmente, nosso querido Greg nos deixou em janeiro de 2024 e eu não tive a oportunidade de gravar essa música com ele. Bom, fisicamente ele não estava presente, mas espiritualmente, eu tenho certeza que ele estava lá comigo.
Então, pra fechar o álbum “Reverência às Referências”, em homenagem ao eterno Reverendo, com vocês “Misty Mountain”.
Pra você, Greg.
Violão e Voz - Nanda Moura
Clique aqui para ouvir a versão original com Blues Etílicos.